Walter Munk

Foi chamado pelo NY Times de “Einstein dos Oceanos”.
No início de sua carreira científica com Oceanografia Física atuou nas forças armadas dos EUA durante a II Guerra Mundial (obs: os pacifista pira, mas a guerra ajudou mto as ciências marinhas a se desenvolverem :/ ).
Uma das suas atividades durante a guerra era ajudar no plano de desembarque de veículos anfíbios nas praias, para vencer a galera do “Eixo”.

Ele teve um dedinho no Dia D, prevendo as condições das ondas para o desembarque nas praias da Normandia.
Não bastasse essa participação histórica ele ainda fez e participou de umas coisinhas curiosas:

Walter Heinrich Munk (direita) próximo do Atol Bikini Atoll durante testes atômicos. Circa 1940-1950.. Crédito: UC San Diego/ Scripps Institution of Oceanography

Antes de realizarem os testes nucleares no Atol de Bikini (aliás, daí que veio o nome da “explosiva” vestimenta de banho) ele monitorou as correntes, difusão e trocas de água do atol. Durante os testes da bomba de Hidrogênio, Munk ficou de olho no oceano para ver se aconteceria um tsunami. O tsunami não veio, mas ele e a equipe tomaram um banho de chuva radioativa por conta de explosão. yikes (meio explosivo esse cara, né?)

Além disso, durante sua vida de pesquisador ele estudou coisas como

  • A relação dos ventos com os grandes giros oceânicos
  • Os efeitos da rotação da Terra nas marés

Mais recentemente no final de sua vida, ele pesquisou sobre o papel das marés na mistura das massas de água do oceano (a água do oceano não é igual em todo lugar, tem águas mais salgadas, mais quentes, mais densas, etc…).

Teve uns projetos bem ousados também:

Um dos projetos teve um desentendimento com os biólogos marinho:
Munk queria analisar a propagação do som no oceano, dessa forma poderia fazer uma “tomografia” para acompanhar as mudanças de temperatura e correntes em larga escala. Porém os sons emitidos tinham potencial para atrapalhar baleia, que usam sons para se comunicar entre si e localizar comida. Ele acabou mudando o local do experimento para outra região.

Ele ainda desejava utilizar o som para compreender as mudanças climáticas, pois acreditava que é possível tomar cuidado para não atrapalhar as baleias.

Durante os anos 60 tava todo mundo pirando com a exploração espacial (os EUA pousaram na lua em 1969). Munk não curtiu como isso tava deixando pra escanteio as ciências da Terra e do Oceano (afinal até hoje tem muito que a gente não conhece bem todo o Oceano). Ele trabalhou na criação do projeto MOHOLE que buscava furar a crosta terrestre para alcançar o manto terrestre, o jeito mais fácil seria pelo fundo do oceano, onde a crosta é mais fina do que nos continentes. Na Fase 1 conseguiram furar cerca de 183m abaixo do fundo do mar. A Fase 2 não rolou por questões financeiras, mas o legado do projeto continua no IODP (International Ocean Discovery Program – em português, Programa Internacional de Descoberta do Oceano)

Diagrama da crota terrestre. O projeto MOHOLE queria alcançar a descontinuidade de Mohorovičić (“Moho discontinuity”, em verde)

Uma pesquisa para verificar se ondas geradas por tempestades na Antártica podiam cruzar todo o Pacífico e alcançar o Alaska.
Ele instalou em 6 locais sensores de pressão no fundo do mar para detectar a passagem das ondas pelo caminho. Também usou uma plataforma de pesquisa, o R/P FLIP, que faz como Titanic no final do filme, fica como se fosse afundar, mas não afunda (e não tem rose+jack). Essa plataforma é ótima para estudar os sinais das ondas pois não causa interferência nos sensores.

Eles conseguiram detectar os sinais das ondas e entender como levar esses dados para melhorar as previsões de ondas.
Tem um minidoc sobre esse projeto disponível no Youtube “Waves across the Pacific”, vale a pena para ver:
-os “modernos” computadores que registraram os dados em papel perfurado
-o navio que vira 90º na vertical
-o munk fazendo anotações usando um colar de flores, bem samoano hehehe (o importante é fazer divulgação científica )

Então se você surfa, veleja ou sai de barco no mar, foi graças a essa pesquisa no Pacífico que os modelos de previsões de ondas são muito mais acurados hoje em dia.

Referências:
https://tritonmag.com/munk/
https://en.wikipedia.org/wiki/Walter_Munk
http://waltermunk.com
https://www.nytimes.com/2015/08/25/science/walter-munk-einstein-of-the-oceans-at-97.html
https://www.britannica.com/biography/Walter-Munk
https://scripps.ucsd.edu/news/obituary-notice-walter-munk-world-renowned-oceanographer-revered-scientist

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