A Vox publicou um vídeo que traz uma discussão bem importante: a poluição plástica no mar é maior do que a gente vê. Queria pontuar algumas coisa sobre isso a seguir.
Para quem está a par da discussão sobre poluição plástica no oceano, sabe que os materiais plásticos entram no oceano e ficam boiando por lá e impactando a vida marinha. Além disso o plástico sofre ação do sol, vento e ondas, se quebrando e se fragmentando em pedaços cada vez menores. Quando esses plásticos são menos que 0,5 cm os chamamos de microplásticos, mas podem ser muito menores que isso.
Estudos estão mostrando que parte desses microplásticos estão afundando e sendo soterrados pelos sedimentos no fundo marinho. Esse plástico vai se tornar mais um marcador geológico, junto com os microfósseis, que vai ajudar a identificar que aquela profundidade de sedimento esteve exposta num período em que o oceano já estava poluído por microplásticos.
Outra parte dos microplásticos tem sido ingerida pelos animais, inclusive micro-organismos. Na imagem abaixo mostra um copépode que ingeriu partículas de plástico (marcadas em azul). A escala na imagem tem 100μm (micrometros).

A gente também tem poluição plástica na água da nossa torneira e no ar que respiramos. Essa reportagem especial de 2017 “Invisíveis” mostra onde foi encontrado plástico na água tratada de cidades.
Em 2020, foi ao ar o programa de rádio do Jornal da USP sobre os impactos dos microplásticos na atmosfera, os pesquisadores coletam amostras de ar em ambientes internos e externos para avaliar a presença e concentração de microplásticos, em seguida serão investigadas partículas em fragmentos de órgãos como pulmões, gânglios e linfonodos na região do pulmão.
Falei num papo recente com a Cristal Muniz que não vejo nesse momento, considerando as tecnologias atuais ou em desenvolvimento, uma forma de realmente tirar a maior parte do lixo plástico do oceano. Existem propostas de usar redes, mas há particular menores já estão dentro de animais. Essas redes também podem levar os animais juntos e considerando eles base ou próximos da base da cadeia trófica pode dar o maior caô. No caso do plástico no sedimento marinho, se tentarem revolver para tirar o plástico vai destruir diversas comunidades de organismos que vivem associadas ao fundo. Podendo também ressuspender o sedimento e contaminantes que estavam paradinhos lá.
O vídeo da Vox aponta que a maior parte da poluição plástica no mar está mais perto da costa. O que pode ser mais fácil de resolver do que se tive no centro das bacias oceânicas. O acesso às regiões costeiras, na plataforma continental, é menos custoso e exige menos tecnologias avançadas do que o acesso ao mar profundo ou a grandes distâncias da costa.
Muita gente vê como caminho para limpar os mares por meio do consumo individual: eu compro canudo de metal, recuso sacola e uso shampoo em barra e pronto. Só que isso não é uma questão individual. É tentador fazer seu esforço individual e achar que basta. Ele é necessário sim, tô aqui com a minha composteira e fico mega orgulhosa das minhas minhocas. Só que temos que agir coletivamente para garantir que o poder público faça sua parte e ele (além da gente) pressione as empresas a mudar sua produção.
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